14 outubro 2008

Assessoria Política.



O filme "Mera Coincidência" e o Marketing Político.


Sem dúvida é um show de manipulação no qual a mídia trata o público como pessoas “ingênuas” . Os meios justificam os fins quando o que está em jogo envolve política, dinheiro e fama, tudo é válido, não importando as conseqüências, apenas aquilo que se quer atingir. Os donos das grandes farsas nem tomam ciência das suas perversas atitudes e das conseqüências aterradoras que elas provocam.

O presente escrito faz uma comparação entre o texto enviado por e-mail pelo professor Valdir Grotto e o Filme “Mera Coincidência” do diretor Barry Levinson. Esse filme conta a estória de um presidente dos EUA, a quinze dias das eleições, com chances de reeleição, mas que se envolveu num escândalo sexual. Para concertar o um grave erro, o então presidente contrata profissionais que o ajudará criando realidade fictícias e efetivadas através da mídia de massa, com o objetivo de recuperar sua imagem frente à opinião pública.



No filme Robert de Niro, como o personagem Brean comte atos espantosos, para dar mais “veracidade” e garantir sucesso de tais atos, contrata um dos grandes produtores de Hollywood com a sua capacidade e especialidade em efeitos especiais, o Hoffman, contracenado pelo ator Samuel Motss. Eles se unem e criam, através da inquestionável mídia, uma fictícia guerra na Albânia, em que o atual governo dos E.U.A. se encarregaria de acabar.



O texto envido pelo professor Valdair trás a pesquisa realizada por Harold Laswell (apud KUNTZ, 2004), no 1948, a qual chegou ao veredicto que comunicar é persuadir. Então segundo essa pesquisa, a mídia afeta o público pelos conteúdos que dissemina e os efeitos produzidos equivalem a reações manifestas que se traduzem em atenção, compreensão e ação do receptor. A Teoria Funcionalista de Laswell diz que a mídia tende a influenciar comportamentos e a controlar a vontade coletiva.



Esse estudo só vem nos ajudar a entender esse processo de manipulação e persuasão provocado pela mídia. O filme em questão traz em algumas cenas, com o personagem Conrad Bean, afirmações do tipo: “É verdade, passou na TV”, em um momento com verdade e passividade, em outro com ar irônico. A frase se torna quase emblemática e traduz toda a trama.



O teórico Stuart Hall aborda a questão da crise de identidade, para ele hoje a identidade do ser humano é construída historicamente. Tem-se uma mudança estrutural na sociedade moderna, da instituição família para a chamada “mídia”. É através da mídia que o sujeito pós moderno assume seu modelo de identidade, na mídia temos diversos modelos que vão sendo assumidos pelos sujeitos dependendo das situações.



O marketing político se aproveita e explora esse poder midiático. Nota se que o discurso político busca seduzir e convencer o eleitor assim como faz a discurso publicitário. Segundo Joan Ferres (1998) a política não é vendida a partir da argumentação e sim a partir da ilusão. As idéias e projetos são substituídos por promessas vazias.



Para Silvestrin (2000) o sucesso ou não de um candidato irá depender do cenário político construído pela mídia, um dado explorado pelo marketing político que, fundamentado em táticas e pesquisas, procura construir uma imagem de candidato ideal.



A história brasileira traz vários exemplos de propagandas políticas bem sucedidas, mas que como no filme, não tão ao extremo até porque o filme é carregado ficção, construídas e disseminadas pela mídia, uma “troca de gato por lebre”. Onde o profissional responsável por elas busca suprir alguns asseios da sociedade, como a campanha do ex-presidente Fernando Collor.



Antecedendo a candidatura de Collor tínhamos um governo “atolado” em corrupção e alto índices de inflação, Presidente José Sarney. A campanha política desenvolvida pela equipe de Collor baseou-se na utilização de uma vasta coleção de ferramentas e métodos de pesquisa de opinião e de análise de dados e informações. Estas lhes tornaram possível elaborar as estratégias mais apropriadas e com comprovada eficiência ao final das eleições de 89. A vitória de Collor se deu porque o povo viu na mídia o líder que queriam, na época, um candidato jovem, bem apessoado, herói e “caçador de marajás”. Esta imagem atraia a mídia e a população brasileira, antes, durante e depois das eleições de 1989. Collor aproveitou-se desta empatia com a mídia brasileira e se tornou presidente do Brasil.



Já que tudo isso foi construído e encenado pelo então candidato, tivemos a oportunidade de acompanhar o resultado: renuncia após acusação de corrupção e eminente risco de impeachment.
Os meios de comunicação de massa, por um lado, causaram no passado e causam hoje problemas para própria sociedade.




No Brasil, onde a maioria não tem instrução e educação (analfabetos e baixo grau de instrução) suficiente para que sejam receptores críticos e conscientes, sobre o que se vincula na mídia, o investimento em educação da população é indiscutível; para em seguida retirar as concessões dos meios de comunicação das mãos de políticos e promover uma verdadeira democratização destes. Afinal, o povo consciente do que recebe, fará comunicadores conscientes do que enviam.

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