Pesquisa aponta contaminação natural por mercúrio em peixes amazônicos
Bacia do Rio Negro tem maiores índices de presença do metal, diz cientista.O mercúrio não provém de garimpos, mas da impregnação natural do solo.
Dennis Barbosa Do Globo Amazônia, em São Paulo
Foto: Luc Viatour/Creative Commons
A piranha, por ser um animal carnívoro, apresenta maior contaminação por mercúrio.
Pesquisa liderada pelo ecólogo Bruce Forsberg, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), revela que a contaminação natural das águas de rios amazônicos com mercúrio pode prejudicar as populações que se alimentam de certos peixes, principalmente os carnívoros de grande porte. Forsberg explica que o mercúrio é presente na forma gasosa na atmosfera e que o solo amazônico, por ser muito antigo, está impregnado pelo metal. “Esse mercúrio não vem do garimpo, mas do solo naturalmente rico em metais”, explica o cientista norte-americano, que há mais de três décadas vive em Manaus. Os peixes são impregnados por ingerirem a água com mercúrio. A ingestão de espécies pequenas por outras maiores aumenta o grau de contaminação - os animais carnívoros, que estão em níveis mais altos da cadeia alimentar, são os mais contaminados. “O ideal seria que as populações ribeirinhas reorientassem o consumo para as espécies herbívoras e onívoras, como jaraqui, curimatá, branquinho e tambaqui”, cita Forsberg.
Proteína
Segundo ele, é importante, no entanto, que as pessoas não deixem de comer peixe, pois para os moradores da floresta, essa é, muitas vezes, a única fonte de proteína. “Se você deixa de comer proteína de peixe, deixa de se beneficar de suas qualidades nutricionais”, diz o ecólogo, acrescentando que os benefícios de consumir o pescado, ainda que com alguma concentração de mercúrio, são
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maiores que seus efeitos prejudiciais. A ingestão de mercúrio em pequenas doses traz problemas neuro-sensoriais, como dificuldades visuais leves e pequena perda de controle motor. O consumo em alta concentração pode levar à perda de consciência e até à morte. Forsberg explica que a Organização Mundial de Saúde recomenda que não sejam ingeridos alimentos com mais de 0,5 miligrama de mercúrio por quilo, mas que esse número foi calculado levando em conta pessoas que consomem pouco peixe. “É um cálculo feito para uma população que consome peixe duas vezes por mês. O caboclo que come um ou dois quilos por dia chega num índice acima do considerado saudável”, afirma.
Acima do limite
Peixes carnívoros, como a piranha, o tucunaré e a traíra apresentam impregnação por mercúrio em níveis acima do limite de 0,5 parte por milhão. “A maioria dos bagres é de predadores, por isso também não é bom comê-los”, acrescenta.
O cientista diz que a bacia do rio Negro é a que tem maior índice de contaminação, mas que naquela região não pôde observar pessoas com sintomas de intoxicação por mercúrio. Ele pretende aprofundar sua pesquisa com o auxílio de médicos. Outros pesquisadores, conta, verificaram contaminação por mercúrio em moradores da bacia do rio Tapajós. Leia mais notícias de Amazônia
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Dennis Barbosa Do Globo Amazônia, em São Paulo
Foto: Luc Viatour/Creative Commons
A piranha, por ser um animal carnívoro, apresenta maior contaminação por mercúrio.
Pesquisa liderada pelo ecólogo Bruce Forsberg, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), revela que a contaminação natural das águas de rios amazônicos com mercúrio pode prejudicar as populações que se alimentam de certos peixes, principalmente os carnívoros de grande porte. Forsberg explica que o mercúrio é presente na forma gasosa na atmosfera e que o solo amazônico, por ser muito antigo, está impregnado pelo metal. “Esse mercúrio não vem do garimpo, mas do solo naturalmente rico em metais”, explica o cientista norte-americano, que há mais de três décadas vive em Manaus. Os peixes são impregnados por ingerirem a água com mercúrio. A ingestão de espécies pequenas por outras maiores aumenta o grau de contaminação - os animais carnívoros, que estão em níveis mais altos da cadeia alimentar, são os mais contaminados. “O ideal seria que as populações ribeirinhas reorientassem o consumo para as espécies herbívoras e onívoras, como jaraqui, curimatá, branquinho e tambaqui”, cita Forsberg.
Proteína
Segundo ele, é importante, no entanto, que as pessoas não deixem de comer peixe, pois para os moradores da floresta, essa é, muitas vezes, a única fonte de proteína. “Se você deixa de comer proteína de peixe, deixa de se beneficar de suas qualidades nutricionais”, diz o ecólogo, acrescentando que os benefícios de consumir o pescado, ainda que com alguma concentração de mercúrio, são
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maiores que seus efeitos prejudiciais. A ingestão de mercúrio em pequenas doses traz problemas neuro-sensoriais, como dificuldades visuais leves e pequena perda de controle motor. O consumo em alta concentração pode levar à perda de consciência e até à morte. Forsberg explica que a Organização Mundial de Saúde recomenda que não sejam ingeridos alimentos com mais de 0,5 miligrama de mercúrio por quilo, mas que esse número foi calculado levando em conta pessoas que consomem pouco peixe. “É um cálculo feito para uma população que consome peixe duas vezes por mês. O caboclo que come um ou dois quilos por dia chega num índice acima do considerado saudável”, afirma.
Acima do limite
Peixes carnívoros, como a piranha, o tucunaré e a traíra apresentam impregnação por mercúrio em níveis acima do limite de 0,5 parte por milhão. “A maioria dos bagres é de predadores, por isso também não é bom comê-los”, acrescenta.
O cientista diz que a bacia do rio Negro é a que tem maior índice de contaminação, mas que naquela região não pôde observar pessoas com sintomas de intoxicação por mercúrio. Ele pretende aprofundar sua pesquisa com o auxílio de médicos. Outros pesquisadores, conta, verificaram contaminação por mercúrio em moradores da bacia do rio Tapajós. Leia mais notícias de Amazônia
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